Queres seguir mais leve ou mais pesado?

Sempre fui pessoa de achar que um acontecimento ou data importante é como que um nó cego na vida. Sou assim perfeitamente capaz de tatear, no meu fio de tempo, a laçada de um beijo, um concerto, uma perda, uma descoberta, um negócio, uma viagem, o despontar de uma mudança. Poderão pensar que é uma perda de tempo, um disparate. Às tantas será. Mas o facto é que, ao proceder deste modo, sinto que sou capaz de discernir um pouco melhor sobre o processo de criação da "malha" que sou: donde parti, por onde passei e até onde quero chegar.

Precisamente por isso, assinalo, com alguma religiosidade, o final de cada ano.

O ano de 2016 tem sido mágico para nós. Demos corpo ao projeto de uma nova casa. Este é um projeto que vai muito para além de um reerguer de paredes, de um substituir de canos, de um renovar de portas e janelas, de um adquirir de mais espaço e de um maior conforto. Este é um projeto de amor, uma confirmação de que a vida que se segue é para continuar a ser vivida em família e de modo feliz, como até aqui.

Para mim, contudo, o ano não tem sido assim tão mágico. Sinto que andei com um caixote de resignação às costas e que, à conta disso, deixei para trás uma trouxa de coisas importantes. E o que contém a trouxa? Pois bem, aparentemente, dentro da trouxa estou eu própria. O meu humor. Um imprevisto. Uma história em papel por escrever. Um par de sapatilhas por calçar. Há quem faça por conseguir o contrário mas eu, para 2017, gostaria mesmo é recuperar este fardo.

E tu?

Queres seguir mais leve? Ou mais pesado?

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