Perdoem-me a franqueza...

Perdoem-me a franqueza, mas num ponto estou de acordo com Eduardo Aires (o homem do atelier WhiteStudio que pontuou a marca Porto): a remodelação do mercado do bom sucesso tornou-o num local tão asséptico quanto desconfortável. Como só uma boa casa de banho fora de moda consegue ser.

Mas há mais, ou mais de menos se preferirem. A alma de qualquer mercado, que é a zona dos frescos, é aqui o quarto dos fundos. E a nave do edifício, que é actualmente ocupada por bancas e banquinhas de comes e bebes, que até podia ter graça, não tem piada alguma. E não tem, porque alguém se esqueceu. Várias vezes. De várias coisas.

Vou agora dizer-vos do quê.

Que no Porto vivem mais Portuenses do que Lisboetas, e por isso haveria que prever cadeiras para sentar quem se desloca ao mercado para almoçar. Que no Porto há dias frios e chuvosos, e por isso haveria que criar soluções para pendurar casacos e gabardines que vão para além dos ombros e coxas de quem lá vai. Que por aqui ainda temos o bom hábito de almoçar em companhia e que, pese embora os ouvidos se encontrem na parte lateral da cabeça, as pessoas normais preferem conversar frente-a-frente, e não lado-a-lado. E por último, que não basta ter quem queira vender para ter quem queira comprar. E sim, agora estou a referir-me ao sentido de oportunidade, ou à falta dele, de alguns estaminés.

Ainda assim, o mercado traz boa novas à cidade do Porto. Ganhou recentemente um prémio internacional de arquitectura... daí que a minha opinião reles sobre o mercado, não passe disso mesmo. E segue uma agenda de animação cultural e recreativa, algo diversificada, além de de participação livre e gratuita.

Mas dessas actividades, falo-vos noutro dia.

Um bom fim de semana!



Foto Oportocool.

Comentários