O passeio no "belga"

O evento acontece apenas uma vez por ano e uma vez mais, este ano, obtive a indicação de que se encontrava lotado. Uma desistência de última da hora permitiu, contudo, que pudéssemos embarcar a bordo de um dos veículos históricos que compõem a soberba coleção do Museu do Carro Elétrico do Porto, naquela que é uma viagem noturna rara e muito especial porque integrada na Noite dos Museus.

E como foi divertida a nossa viagem!

A viagem teve início na antiga Central Termoelétrica de Massarelos – onde se encontra hoje alojado o Museu - e decorreu ao longo da marginal do rio Douro, tendo como protagonista “o belga”, um dos dez carros elétricos adquiridos pela extinta Companhia Carris de Ferro do Porto à empresa Belga “Societé Anonyme des Ateliers de Construction d’ Etablissements Famileureux”, em 1928. Para além do indispensável guarda-freios e dos monitores do Museu - nossos anfitriões nesta viagem - misturaram-se por entre aos passageiros duas atrizes feitas peixeiras que, com o seu sotaque tripeiro e língua mordaz, animaram com as suas conversas todo passeio.

No final, ainda foi possível aceder a uma das alas reservadas do Museu para assistir a uma encenação teatral pela companhia “Tenda de Saias” na qual se retratou o papel das “viúvas negras” na dura tarefa de recolha do carvão - carvão que viria a ser depois transportado nas zorras para o Porto, rumo às fornalhas da central elétrica.

Toma nota: o Museu do Carro Elétrico encontra-se atualmente encerrado para obras. Reabre no início de Julho!

Antes porém, e já no próximo dia 23 de Maio, os carros elétricos saem às ruas do Porto para o tradicional desfile anual e arranque das festas de S. João.

Já tens bilhete?

Olha lá... e manjerico?

 





Uma nota especial para a Central Termoelétrica de Massarelos, que comemora este ano o seu centenário. Inaugurada em 1915, a central produziu até à década de 40 energia suficiente para alimentar a rede de carros elétricos existentes na cidade do Porto. Até esse período, chegou a empregar mais de 1000 trabalhadores, a consumir quase 6 toneladas de carvão por hora, e ainda a garantir - se bem que parcialmente - a iluminação pública da cidade. Já nos anos 60, a central viu desativada a sua área de produção de energia, passando a funcionar como subestação de transformação de energia elétrica, para ainda hoje alimentar as linhas de tração elétrica existentes na cidade.

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