Já vi acontecer

O Museu das Marionetas do Porto, agora de portas abertas na Rua de Belomonte no Porto, afirma-se como um museu de autor, centrado na obra de João Paulo Seara Cardoso, encenador e diretor artístico do Teatro de Marionetas do Porto, falecido precocemente em 2010.

E isso nota-se.

Nas fotografias que se encontram expostas no museu. Nos filmes que aí são projetados. Nas referências constantes à pessoa do João Paulo Seara Cardoso e ao legado artístico, invariavelmente genial, que ele deixou. Em cada canto do museu, a presença dele nota-se. Caramba, como se nota.

Mas não é só isso que se nota.

Ao ouvir a voz emocionada da atriz que há dias nos acompanhou na visita guiada ao museu, nota-se a falta que ele faz à companhia. A mesma falta que é notada também pelo seu público de sempre, no qual eu me incluo, quando a companhia apresenta - não obstante (estou em crer) a dedicação medonha da atual direção e restante equipa - novas produções. Ou até quando a companhia repõe, usando de um elenco ajustado há pouco mais de um ano, os espetáculos mais antigos. A falta do João Paulo Seara Cardoso, nota-se. Caramba, como se nota.

...

O Teatro de Marionetas do Porto estreia no dia 19 de novembro uma nova produção destinada ao público infantil, chamada “Nunca”, e nós vamos lá estar. E vamos lá estar simplesmente porque quero acreditar que este sentimento de perda pode, um dia, transformar-se num ganho qualquer, porventura de vida até.

É que as marionetas podem ter vida.

Eu sei que é possível.

Já vi acontecer.



Eles a experimentar manipular uma marioneta de varas, esta criada para a brilhante peça "Boca de Cena", um teatro-jantar concebido para assinalar os 20 anos da companhia, que decorreu no Mosteiro de S. Bento da Vitória e no qual tive o enorme prazer em participar.

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